A Guerra da Síria

abril 02, 2018 0 Comments A+ a-

                        Sete perguntas para você entender o conflito.


Um levante pacífico contra o presidente da Síria que teve início há sete anos transformou-se em uma guerra civil que já deixou mais de 350 mil mortos, devastou cidades e envolveu outros países.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) calcula que mais de 5 milhões já deixaram o país.
Entenda a seguir a origem desse conflito e suas consequências até agora.

1. Como a guerra começou?

Mesmo antes do conflito começar, muitos sírios reclamavam dos altos índices de desemprego, corrupção e falta de liberdade política sob o presidente Bashar al-Assad, que sucedeu seu pai, Hafez, após sua morte, em 2000.
Em março de 2011, protestos pró-democracia eclodiram na cidade de Deraa, ao sul do país, inspirados pelos levantes da Primavera Árabe em países vizinhos.
Quando o governo empregou força letal contra dissidentes, houve manifestações em todo o país exigindo a renúncia do presidente.
O clima de revolta se espalhou, e a repressão se intensificou. Apoiadores da oposição pegaram em armas, primeiro para defender a si mesmos e depois para expulsar forças de segurança das áreas onde viviam. Assad prometeu acabar com o que chamou de "terrorismo apoiado por estrangeiros".
Seguiu-se uma rápida escalada de violência, e o país mergulhou em uma guerra civil.

2. Quantas pessoas já morreram?

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, uma ONG britânica que monitora o conflito com base em uma rede de fontes locais, registrou 353.900 mortes até março de 2018, incluindo 106 mil civis.
Os dados não incluem 56.900 pessoas que estão desaparecidas e consideradas mortas. O grupo também estima que 100 mil mortes não foram documentadas.
Enquanto isso, o Centro de Documentação de Violações, que recorre a ativistas na Síria, registrou o que avalia ser violações às leis de direitos humanos internacionais, inclusive ataques contra civis.
Foram documentadas 185.980 mortes relacionadas ao conflito, entre elas as de 119.200 civis, até fevereiro de 2018.

3. Do que se trata a guerra?

Agora é mais um conflito entre aqueles a favor e contra Assad.
Muitos grupos e países, cada um com suas próprias agendas, estão envolvidos, tornando a situação muito mais complexa e prologando a guerra.
Eles foram acusados de cultivar o ódio entre os grupos religiosos na Síria, colocando a maioria muçulmana sunita contra o secto xiita alauíta do presidente.

Essas divisões fizeram com que ambos os lados cometessem atrocidades, dividindo comunidades e tornando mais tímida a esperança de paz.
Também permitiram que grupos jihadistas como o autodenominado Estado Islâmico e a al-Qaeda florescessem.
Os curdos sírios, que querem ter o direito de governar a si próprios mas não combatem as forças de Assad, acrescentam outra dimensão ao conflito.

4. Quem está envolvido?

Os principais apoiadores do governo são a Rússia e o Irã, enquanto os Estados Unidos, a Turquia e a Arábia Saudita apoiam os rebeldes.
A Rússia já tinha bases militares na Síria e lançou uma campanha militar aérea em apoio a Assad em 2015 que foi crucial para virar o andamento da guerra a favor do governo.
Os militares russos dizem que os ataques têm como alvo "terroristas", mas ativistas afirmam que regularmente morrem rebeldes e civis.
Acredita-se que o Irã tenha enviado centenas de soldados e gasto bilhões de dólares para ajudar Assad.
Milhares de muçulmanos xiitas que integram milícias armadas, treinadas e financiadas pelo Irã - a maioria é do Hezbollah no Líbano, mas também do Iraque, Afeganistão e do Iêmen - têm lutado ao lado o Exército sírio.
Os Estados Unidos, Reino Unido, França e outros países ocidentais forneceram variados graus de apoio para o que consideram ser rebeldes "moderados".
Uma coalizão global liderada por eles também realiza ataques contra militantes do Estado Islâmico na Síria desde 2014 e ajudou uma aliança entre milícias árabes e curdas chamada Forças Democráticas Sírias (FDS) a assumir o controle de territórios antes dominados por jihadistas.
A Turquia apoia há tempos os rebeldes, mas concentrou esforços em usá-los para conter a milícia curda que domina a FDS, acusando-a de ser uma extensão de um grupo rebelde curdo banido do território turco.
A Arábia Saudita foi um elemento-chave para conter a influência iraniana e também armou e financiou os rebeldes.
Ao mesmo tempo, Israel tem se preocupado muito com o envio de armas iranianas para o Hezbollah na Síria e tem realizado ataques aéreos para interromper isso.

5. Como o país tem sido afetado?

Além de causar centenas de milhares de mortes, a guerra incapacitou 1,5 milhões de pessoas, entre ela 86 mil que perderam membros do corpo.
Ao menos 6,1 milhões de sírios tiveram de deixar suas casas para buscar abrigo em alguma outra parte do país, enquanto outros 5,6 milhões se refugiaram no exterior.
Líbano, Jordânia e Turquia, onde 92% destes sírios refugiados vivem hoje, têm enfrentado dificuldades para lidar com um dos maiores êxodos da história recente.
A ONU estima que 13,1 milhões de pessoas necessitarão de algum tipo de ajuda humanitária na Síria em 2018.
Os dois lados do conflito pioraram essa situação ao se recusar a permitir o acesso de agências com fins humanitários a quem precisa de auxílio. Quase 3 milhões de pessoas vivem em áreas alvos de cerco e de difícil acesso.
Os sírios também têm acesso limitado a serviços de saúde.
A organização Médicos por Direitos Humanos registrou 492 ataques a 330 instalações médicas até dezembro de 2017, o que resultou em 847 profissionais de saúde mortos.
Grande parte do patrimônio cultural da Síria também foi destruído. Todos os seis locais considerados pela Unesco como patrimônio da humanidade sofreram danos significativos.
Bairros inteiros foram arrasados em todo o país.

6. Como o país está dividido?

O governo reassumiu o controle das maiores cidades sírias, mas grandes partes do país ainda estão sob o comando de grupos rebeldes e da FDS.
O principal reduto de oposição é a província de Idlib, no nordeste do país, onde vivem mais de 2,6 milhões de pessoas.
Apesar de designada como uma zona onde não deveria haver hostilidades, Idlib é alvo de uma ofensiva do governo, que diz estar combatendo jihadistas ligados à Al-Qaeda.
Ataques por terra também estão em curso em Ghouta Oriental. Seus 393 mil residentes estão sob o cerco do governo desde 2013 e enfrentam intensos bombardeios, assim como uma grave falta de comida e de suprimentos médicos.
Enquanto isso, a FDS controla a maioria do território a leste do rio Eufrates, incluindo a cidade de Raqqa. Até 2017, esta era a capital do "califado" que o Estado Islâmico disse ter instaurado, mas, agora, o grupo controla apenas alguns bolsões na Síria.

7. A guerra vai acabar algum dia?

Não há qualquer sinal de que o conflito chegará ao fim em breve, mas todos os lados envolvidos concordam que uma solução política é necessária.
O Conselho de Segurança da ONU pediu a implementação de um governo de transição "formado com base em consentimento mútuo".
Mas nove rodadas de conversas de paz mediadas pela ONU desde 2014 obtiveram poucos progressos.
Assad parece cada vez menos disposto a negociar com a oposição. Rebeldes ainda insistem que ele renuncie como parte de qualquer acordo.
As potências ocidentais acusam a Rússia de minar as conversas de paz ao estabelecer um processo político paralelo, conhecido como processo Astana, com a Rússia sediando um "Congresso de Diálogo Nacional" em janeiro de 2018.
No entanto, a maioria dos representantes da oposição se recusaram a participar.

A história da Normandia

abril 02, 2018 0 Comments A+ a-

Embora o governo francês tenha cedido ao exército alemão com o armistício de 22 de junho de 1940, o presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt pensava que esta situação criava um verdadeiro desequilíbrio na ordem mundial. A invasão alemã na Rússia, em 1941, e a entrada do Japão nas forças do Eixo fomentaram os conflitos. Foi então tomada a decisão de montar a operação Overlord.

DERROTANDO AS FORÇAS DO EIXO

Em 25 de junho de 1942, decidiu-se não realizar um desembarque na Europa. A África do Norte foi favorecida por uma campanha anfíbia com a operação Torch. Esta última tinha por objetivo liberar o Mar Mediterrâneo e assim acabar com a ameaça que pesava sobre o Oriente Médio.
A retomada dos ataques na Europa tinha por principal objetivo derrotar a Alemanha. A Libertação da França foi apenas uma feliz consequência. Enquanto o desembarque aliado era organizado, operações de disfarce foram instauradas pelas forças aliadas. Uma medida de disfarce consiste na realização de ações que têm por objetivo enganar o adversário sobre as suas verdadeiras intenções.  Foi assim que ocorreram os assaltos de forças canadenses à Dieppe, em agosto de 1942. As tropas sofreram grandes baixas, o que confirmou a capacidade do exército alemão de defender o litoral.
Um ano depois, o general Dwight Eisenhower foi oficialmente nomeado o comandante supremo das forças expedicionárias aliadas na Europa. Nesta época, a Alemanha achava que haveria um desembarque. O Estado-maior previu este ataque para a primavera de 1944. Adolf Hitler, o Führer, interveio diretamente nas decisões tomadas pelas forçadas armadas. Ele também esteve muito envolvido no comando das operações.

A DEFESA ALEMÃ

Foi, contudo, o comandante Erwin Rommel quem esteve à frente da excelente estratégia de defesa do litoral ocidental. Ele instalou obstáculos antidesembarque inventados por ele, certo de que o desembarque ocorreria com a maré alta. O objetivo dos trabalhos para construir a “Muralha do Atlântico ” ou “Atlantikwall” era poder atingir as embarcações, imobilizando depois os soldados de infantaria que tivessem chegado ao litoral. Estacas de ferro entrelaçadas, trilhos e tetraedros pontiagudos estiveram entre os objetos colocados nas praias. Os soldados também instalaram minas no mar e em terra. A inundação de zonas baixas foi realizada certamente para colocar depois as estacas voltadas para cima, a que chamamos de estacas de Rommel.

ORGANIZAÇÃO DO ASSALTO

A operação Netuno foi um assalto anfíbio. O desembarque na África do Norte traz às forças de Eisenhower uma experiência a ser usada na estratégia do ataque à Normandia. A área em causa foi aumentada e os meios multiplicados para o sucesso da operação. Decidiu-se, então, que o assalto seria nas 5 praias normandas, entre Ouistreham e Varreville, no Cotentin.
Por questões de visibilidade e com o objetivo de surpreender as forças alemãs, os aliados tomaram a decisão de atacar de dia e com a maré baixa ou semi alta. A data do Dia D, ou D-Day, ficou fixada em 5 de junho de 1944, com um adiamento possível para 6 ou 7 de junho se as condições meteorológicas exigissem.
efeito de surpresa foi aumentado pela divulgação de falsas notícias e a reunião de embarcações para fazer crer que haveria desembarques em outra parte e não na Normandia.

O DESEMBARQUE E A BATALHA DA NORMANDIA

Na manhã de 6 de junho de 1944, Pointe du Hoc foi bombardeada. Seguiram-se os desembarques das tropas nas praias de Omaha Beach e Utah Beach. Estes assaltos foram particularmente sangrentos devido à defesa eficaz dos alemães. Gold Beach, Juno Beach e Sword Beach também foram atacadas. Os avanços das tropas permitiram a libertação progressiva das cidades bem como a tomada de lugares estratégicos, como Caen e o porto de Cherbourg. Entre os soldados, várias nacionalidades estavam representadas: americanos, ingleses, canadenses, franceses (comando Kieffer).
Um desembarque na Provence aconteceu em 15 de agosto de 1944. Progressivamente, as tropas aliadas tomaram o controle do território francês. O desfile da Libertação de Paris ocorreu na Champs Élysées, em 26 de agosto de 1944.